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Por uma Educação Libertadora

Para além dos conhecimentos técnicos, temos que fortalecer formações humanistas, de cidadãos e cidadãs e que não haja fatores limitantes para isso.

04/12/2024 às 19h53 Atualizada em 02/01/2025 às 17h31
Por: Vander Costa
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Foto: Divulgação
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Em 21/11/24, à noite, estive no Córrego da Dourada, no salão anexo à casa do Vilson e Albertina, velhos conhecidos, na comunidade da minha infância e boa parte da minha juventude, no lançamento e apresentação dos livros - Projeto Estante Mágica, dos alunos de ensino fundamental 1 (1º ao 5º ano), da escola multisseriada (todos as séries numa sala só) do Córrego da Jacutinga, onde a minha sobrinha Yasmin faz o 2º ano. Com estes componentes juntos, fica difícil segurar a emoção, ainda mais quando somos convidados a fazer o uso da palavra, em cerimônia tão repleta de simbolismos.    

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Este trabalho de produzir livros, tem como objetivo principal, levar as crianças a terem maior intimidade com o texto, tanto na leitura, como na sua redação e é incentivado pelos pedagogos da Secretaria Municipal de Educação e Cultura de Ecoporanga, mas ao final, o grande responsável pela realização do projeto é o professor, ou professora, que neste caso é a Ismarly, filha dos nossos anfitriões, Vilson e Albertina. Na escola da Jacutinga, quem faz o acompanhamento é o pedagogo Célio Alves Ferreira.

Importante aqui ressaltar, que medidas como essas, que tem o comprometimento dos professores e de todo corpo técnico de uma forma geral da área de educação, levou o nosso município a ter um resultado, que é motivo de orgulho para todos nós, que acreditamos na educação como um instrumento essencial na emancipação do ser humano, do ponto de vista econômico, político, sócio-cultural.

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Um resultado, que sintetiza a soma de outros mais, dentro deste esforço coletivo: os alunos do 2º ano do Ensino Fundamental, da rede pública municipal de Ecoporanga, estão em primeiro lugar na fluência em leitura, que é quando se lê com desenvoltura, compreendendo aquilo que se lê, de acordo com o último resultado da avaliação em todo nosso estado, divulgado pelo Centro de Políticas Públicas e Avaliação da Educação da Universidade Federal de Juiz de Fora (CAEd/UFJF).

Em 2023, quando o teste de avaliação foi realizado, nós estávamos em último lugar dentro da área de jurisdição da Superintendência Regional de Educação de Barra de São Francisco. Mas o que mesmo levou a este resultado tão surpreendente? Segundo a pedagoga Ângela Costa, Coordenadora Municipal do PAES (Pacto Pela Aprendizagem no Espírito Santo), “isso se deve ao trabalho realizado em regime de colaboração com a Secretaria de Estado da Educação do ES, do processo de alfabetização que traz o texto como centralidade, dos projetos de leitura envolvendo a comunidade escolar e as famílias dos estudantes, e é claro, do planejamento orientado pela Secretaria Municipal de Educação de Ecoporanga e do monitoramento do ensino de forma sistemática e organizada dentro da rede”.

Com o que foi apresentado até aqui, se percebe que os profissionais da educação de nosso município, tem feito a parte que lhes cabe, para que estas crianças possam desenvolver os seus potenciais e habilidades, proporcionando a elas recursos, que somado a outras conquistas, poderão lhes assegurar as bases, de um futuro melhor.

Além dos trabalhos realizados em sala de aula, temos que pensar também quando estas crianças estiverem formadas e desafiadas a entrar de vez no mercado de trabalho. Elas terão a oportunidade de fazer os cursos que queiram, com uma formação que lhes dê condições de se destacarem nos campos do conhecimento, a que se resolvam trilhar? Serão elas oportunizadas para exercerem atividades que dizem respeito à inventividade, a criação, aquilo que entendemos como grau mais elevado da manifestação do espírito humano?

Porque afinal, isso é o que conta, que demarca socialmente, os que pensam e os que executam o que é definido pelos outros, inclusive alimentando a ideia equivocada, de que alguns, os mais oportunizados, são “os inteligentes”, capazes de desenvolverem e lidarem com questões mais sofisticadas e sensíveis, enquanto outros, pouco, ou nada oportunizados, em muitos casos, são tratados como incapazes, rudes, desprezíveis.

Com todo o avanço técnico-científico, que a humanidade adquiriu ao longo de sua história, maquinarias, robótica, mecanização, automação, inteligência artificial, faz todo sentido reduzir a jornada de trabalho, para que tenhamos mais qualidade de vida e dentro deste propósito, o Estado deve implementar políticas sérias na área cultural a das artes, tendo todos a oportunidade de participar ativamente deste processo, porque não poder ser coisa de alguns iluminados, que pairam acima dos reles mortais.

Mais do que nunca, precisamos superar a cultura de massa alienante, dos enlatados, dos descartáveis, da comidinha em conserva sem nenhum valor nutritivo, que só serve para entorpecer nossos sentidos e apontar para o fácil caminho do consumismo desenfreado, do mais do mesmo. Para além dos conhecimentos técnicos, temos que fortalecer formações humanistas, de cidadãos e cidadãs e que não haja fatores limitantes para isso, os condicionantes sociais como barreira, que impedem o surgimento de mais homens e mulheres espirituosos.

Que os nossos professores, pedagogos, pais e alunos, toda comunidade escolar, da nossa rede municipal, continuem sendo exemplo de superação e inspiração, para alcançarmos resultados surpreendentes, que talvez para muitos, sejam até mesmo inimagináveis.

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Everaldo Francisco Costa Há 4 meses Vitória Excelente, Vander Costa!!!
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Memórias e Provocações
Sobre o blog/coluna
Vander Antônio Costa é bacharel-licenciado em filosofia pela Ufes. Publicou seis livros autorais. Um destes está disponível na internet, “Bota Fé”, que fala sobre seu álbum musical, com mesmo título. Organizou o livro “Palavras do Cotaxé”, com vários autores e autoras. Coordenou a realização dos seis Seminários das Humanidades em Cotaxé, onde foi criado um Ponto de Memória em 2021, através de edital da Secult-ES.


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