Parte de minha infância passada em Ecoporanga, para estudar, se deu no entorno do atual Mercado Municipal, morando de aluguel em dois cômodos dos fundos, juntamente com outros irmãos, na casa da dona Geralda, quando já havia a feira, mas sem a proteção atual, que ajuda a proteger do sol quente e das chuvas, os feirantes, os compradores e os demais frequentadores daquele espaço.
Uma coisa bem marcante deste período eram as enchentes, que não precisavam ser tão grandes, para fazer o Dois de Setembro transbordar dentro da cidade e por isso era muito comum as casas próximas ao rio, serem invadidas pelas águas e com a nossa não era diferente. Passamos também por estas situações desconfortáveis.
Um problema que só foi bem contornado, a partir de uma ação bem sucedida e ousada da administração do prefeito Sebastião de Oliveira Bonfim, o “Paulinho”, que conseguiu alargar e aprofundar o leito do rio na parte da cidade, utilizando pedras nas suas margens – presas dentro de armações com fios de aço – onde se levantou muros de contenção nos dois lados. O fundo foi concretado, criando um nivelamento bem regular.
Com estas medidas, raramente o rio transborda. Só quando acontece cheias bem fora do comum. Coisas muito raras mesmo. Acredito, porém, que uma outra ação necessária e um pouco ousada também é o tratamento do esgoto doméstico lançado direto nas águas do nosso Dois de Setembro. Não é possível mais aceitarmos estas agressões, ou estes crimes ambientais, em pleno século 21, quando sabemos que há recursos para evitar estas situações, no mínimo indesejáveis.
Precisamos conscientizar a população sobre a importância de medidas como estas e ao mesmo tempo, cobrar de nossas autoridades políticas, inclusive com o apoio do Ministério Público, que tem entre as suas atribuições, defender os interesses da sociedade.
Falo da necessidade de conscientizar a população a respeito de algo tão importante, porque muitas vezes, intervenções tão importantes como essas, acabam gerando transtornos e indignação em parte dos moradores e comerciantes, que veem as ruas sendo interditadas para o trânsito de veículos, principalmente, e muitas vezes, por tempo considerável.
Portanto, são situações incômodas, que os políticos – principalmente do executivo, que tem responsabilidade maior em questões como essas – não querem se meter, para evitar maiores desgastes. Por isso, o trabalho de conscientização é imprescindível, até porque, sendo esta uma demanda da população, o prefeito vai ficar menos preocupado com o risco da impopularidade, que aliás, na minha modesta opinião, ele não deveria se preocupar, em função da causa tão importante, em questão.
Estamos falando da necessidade de mantermos os nossos rios saudáveis, em condições de podermos entrar neles, sem maiores riscos de contaminação; de gastar menos recursos, para disponibilizar as suas águas com qualidade, tanto para o consumo humano, quanto para outros animais; evitar certas doenças, que acabem impactando no nosso sistema público de saúde. Portanto, estamos aqui falando de saúde, de lazer, de bem-estar e de uma melhor relação nossa, com o meio ambiente, que somos parte.
Fica aqui então o meu apelo, que é lutarmos juntos, para darmos um melhor tratamento ao Dois de Setembro e aos nossos outros rios, para melhorar a nossa qualidade de vida e também, chamar atenção das pessoas para a importância de defendermos as causas ambientais, inclusive, para nos atender melhor, enquanto beneficiários maior, deste esforço tão necessário.
Temos que procurar dar bons exemplos, em questões como essas, pois o mundo precisa cada vez mais disso, pois temos que superar esta forma tão danosa de lidarmos com os nossos bens naturais, que ao final, se volta contra nós mesmos. O importante aqui é frisarmos que temos capacidade e temos como provar isso, como é o caso da intervenção feita, relatada anteriormente, que protege bem os nossos moradores às margens do Dois de Setembro, que nos seus períodos mais chuvosos, sempre transbordava e não precisava ser cheias tão grandes.
Mín. 20° Máx. 33°