Apesar de todo potencial que temos, muito pouco foi feito para fortalecer as nossas manifestações culturais e os nossos fazedores de cultura, por parte da administração municipal, que acabou em 31 de dezembro de 2024.
Ecoporanga abriga em seu território o grupo Capoeira Senzala, trazida pelos irmãos, Mestres Paulo e Rafael Flores, à Santa Luzia do Norte, “Patrimônio dos Pretos”. Eles participaram da criação deste grupo em 1966, no Rio de Janeiro. Antes disso, eles haviam sido alunos do mestre Bimba, em Salvador, Bahia.
Já em Santa Luzia, o grupo só foi criado formalmente em 12 de outubro de 1988. Depois disso, ele se apresentou no encontro mundial de Capoeira, realizado no Rio de Janeiro e nesta ocasião, os seus membros foram convidados para representarem o Brasil, em um projeto patrocinado pela Unesco e pelo governo francês.
Estas e outras façanhas do grupo e dos irmãos Flores, podem ser lidas na matéria publicada pelo jornal Notícia Hoje, de 10 de novembro de 2021, logo após o falecimento do Mestre Rafael, que ocorreu em novembro de 2016. Grupo Senzala de Santa Luzia do Norte em Ecoporanga, promove evento em homenagem ao capoeirista Rafael Flores.
Sobre Cotaxé, temos a sua história muito ligada à luta dos camponeses, posseiros e posseiras, contada em versos e prosas, em ficção e documentários, por tantos autores, Luzimar Nogueira Dias, Adilson Vilaça, Paulino Leite, Luiz Guilherme Santos Neves, Renato José Costa Pacheco, Elio Ramires Garcia, Victor Augusto Lage Pena, Luiz Noboru Muramatsu, Marlúcia Cardoso de Araújo, Saulo Ribeiro e outros.
Em Cotaxé, entre outras coisas, nos chama atenção a manifestação cultural ligada ao Boi Janeiro, que estamos trazendo de volta e a Folia de Reis, que até bem pouco tempo era apresentada pela família do Laudinei, uma pessoa também muito conhecida em nosso distrito.
A Prata dos Baianos, nos brinda com a festa junina “Roubada da Bandeira”, criada pelo senhor João Miguel, que mistura, cantigas, danças, procissões, rezas, teatro, quentão e muita comida. Para quem não a conhece ainda, indico o documentário que pode ser acessado no canal do You Tube: O Roubo da Bandeira.
Há ainda uma Folia de Reis centenária, que atua em território mineiro, pelo lado de Ataléia, mas também em território capixaba, no nosso município, nos córregos do Peixe Branco, Bonfim e Barbosa, mesmo com todas as dificuldades que se possa imaginar: estradas de terra em péssimas condições, em função das apresentações se darem em períodos de chuva, deixando a comunidade praticamente isolada; esvaziamento do campo e; a dificuldade de integrar os mais jovens, em atividades tradicionais como estas.
Para finalizar os nossos exemplos, vou citar mais este, que diz respeito ao distrito de Imburana, que é a Dança da Fita, que até bem pouco tempo era apresentada em vários locais, mas que por enquanto, parece estar adormecida.
Acredito que em município tão grande como o nosso, podemos encontrar outras manifestações importantes e fora que se tivéssemos uma política cultural estruturada, poderíamos proporcionar o surgimento de outras e tudo isso faz parte do nosso patrimônio imaterial, que fortalece a nossa identidade e o sentimento de pertencimento ao lugar que vivemos, gera bem estar e renda, com a chamada economia criativa. O que temos, porém, até o momento, são os esforços pessoais e das comunidades, para que estas manifestações aconteçam.
Não podemos continuar deixando recursos de leis federais em nossa cidade voltarem, como é o caso das Leis Paulo Gustavo e Aldir Blanc. No ano que se passou, não tivemos o lançamento do edital da Paulo Gustavo e, portanto, os recursos disponibilizados não foram utilizados. Quanto aos da Aldir Blanc, nem vieram, pois é bem provável que tenham tido o mesmo tratamento negligente de sempre.
O que esperamos é que a nova gestão que está assumindo, tenha uma outra mentalidade e sendo assim, desde já, procure ver uma forma de trazê-los de volta, porque é inadmissível que qualquer cidade abra mão deles, mesmo as mais abastadas, que não é o caso do nossa, com toda certeza.
Não só trazê-los de volta, mas também, procurar capacitar os nossos fazedores de cultura a elaborar os projetos disponíveis, porque nem todos conseguem fazê-los em condições para aprová-los. Isso é o mínimo que esperamos de nossos gestores públicos, que é aproveitar cada recurso que nos chegam, da melhor maneira possível e não somente da área cultural, que aqui procuramos tratar com exclusividade.
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