Após a triunfante volta do Boi Janeiro, eu também estou de volta por aqui, depois de um mês e pouco, sem fazer a nossa publicação de praxe. Meu último texto foi publicado em 3 de janeiro de 2025. Neste período a minha atenção ficou muito voltada para a organização do Boi Janeiro, com todos os seus desdobramentos. Além disso, adiantamos alguns procedimentos para criarmos a nossa Associação dos Amigos e Amigas de Cotaxé e ainda, mexemos no telhado da Casa da Comuna, onde pretendemos ter a sede de nossa associação, uma biblioteca e mais à frente, um espaço de residência para recebermos nossos visitantes.
Por causa de tantas atividades, neste período, deixamos de fazer outras, inclusive, escrever para a nossa coluna. Para compensar isso, pretendemos produzir uma quantidade maior de textos, nos próximos dias. Depois de uma jornada tão brilhante, envolvente, tivemos o trabalho de organizar todo o material que foi gerado, em termos de registro fotográfico e audiovisual; repercutir os conteúdos gerados; estabelecer contatos com nossos parceiros de Cotaxé e do município como um todo e ainda; retomar às nossas tarefas domésticas com mais afinco, que sou eu mesmo quem as faço.
O importante é termos consciência, que o que foi planejado, ocorreu muito bem e em muitos casos, superando a expectativa de todos nós que nos envolvemos diretamente na realização do Boi Janeiro, tendo em vista as manifestações de satisfação das pessoas de um modo geral, sejam elas moradoras, ou visitantes, o que fortalece a perspectiva de darmos continuidade a este trabalho tão maravilhoso e nos colocar a disposição para contribuir com outros em nosso município, tão rico na sua diversidade cultural.
No dia (25/01), especificamente, dia do encerramento de nossos festejos; tivemos o cortejo do Boi, em torno da praça e da rua principal de nosso distrito, acompanhado de uma multidão em êxtase, fazendo todos e todas tornarem crianças de alguma maneira, com as brincadeiras; servimos bebidas e caldos, doados pelos moradores, ao lado do Bar do Gô, gratuitamente; houve shows musicais e forró no salão do Bar do Ton Ton.
Um pouco mais cedo, entre 16 às 18h, tivemos uma reunião muito representativa, também no Ton Ton, que contou com a presença de nossos visitantes da Grande Vitória, moradores, do prefeito José Luiz Mendes (PSB), da primeira dama Edir e da Chefe de Gabinete, Rosi Oliveira (que depois caíram também na folia do Boi Janeiro) e do nosso amigo e colega de jornal, Roberto Carlos, que se encarregou de fazer os registros fotográficos.
Nesta reunião, fizemos explanação do que já realizamos em Cotaxé nestes 6 meses que estamos morando por aqui e do pretendemos fazer, juntamente com a comunidade e ouvimos a sugestão dos presentes, muito deles envolvidos com a cultura nas suas mais variadas vertentes, seja como ativistas, criadores e/ou gestores, do setor público, ou privado. Alguns caminhos foram apontados, para desenvolvermos uma política de cultura mais ampla em nosso município. Algumas dessas pessoas se colocaram a disposição para contribuir com este processo, como por exemplo, o Guilherme Silva, que preside o Conselho Municipal de Cultura de Cariacica; o Wilson Coelho, escritor, dramaturgo, que tem experiência de gestão no setor público e privado.
O prefeito Zé Luiz reafirmou o seu compromisso de construir o Museu de Cotaxé e fortalecer a cultura em nosso município. Quero aqui ressaltar, a presença do nosso amigo William Muqui, advogado, que veio de Ecoporanga, mesmo não passando bem, pois está enfrentado alguns problemas de saúde nos últimos tempos, o que demonstra o seu compromisso inequívoco, com um desenvolvimento sócio-cultural-humanista para o nosso município. Ele está, inclusive, contribuindo bastante, com a criação de nossa associação, dando todo o suporte jurídico, que se faz necessário.
No meio disso tudo, tenho que destacar a presença dos dois brincantes mascarados, João Bananeira, personagem da cultura popular de Cariacica, trazidos pelo Guilherme, que muito acrescentou aos nossos festejos. Um deles tocou Casaca, instrumento utilizado nas apresentações do Congo Capixaba, que é uma outra manifestação cultural de nosso estado, que ajuda a fortalecer a nossa identidade enquanto povo.
A verdade é que o nosso distrito foi muito bem prestigiado. Isso se deve também o lugar que ocupamos, como patrimônio cultural e imaterial de nosso Estado, sem sombras de dúvida, muito em função da nossa história de resistência camponesa, que chama tanto atenção e reflete de algum modo o vigor de nossas manifestações culturais, que são instrumentos essenciais para um desenvolvimento diferenciado, em qualquer lugar.
Aqui termino agradecendo de todo coração, ao Mestre Arlindo e toda sua família e nome deles, à comunidade de Cotaxé, pelo envolvimento e dedicação, para tornar possível tão linda festa, que integra, partilha e conquista, cada um daqueles e daquelas que têm o privilégio de participar de algo feito com tantos afetos e é por isso e mais um pouco, que desejamos vida longa ao nosso Boi, o Boi Janeiro, que continuará nos iluminando nas suas vadiagens animadas e alegres pelas ruas e que ele não perca a capacidade de ressuscitar cada vez mais forte, entre uma brincadeira e outra, que já nos traz bastante saudades.
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