Depois de 28 anos morando em Vitória, voltei à minha cidade do Coração, Ecoporanga, e mais precisamente, estou morando em Cotaxé, a nossa Capital das Lutas Camponesas de nosso estado. Mas, o que me traz mesmo de volta depois destes anos todos e porquê Cotaxé?
Primeiramente, acredito que Vitória, nossa outra capital, a capital do nosso estado, já me ofereceu bastante em termos de experiências, aprendizados e de pessoas especiais que tenho em minha vida e que faço questão de carregar do lado esquerdo do peito.
Em Vitória tive a oportunidade de frequentar a universidade pública, Ufes, e obter as graduações de licenciatura e bacharelado em filosofia, que me ajudou a vislumbrar novas perspectivas, obter novas compreensões de realidade e de expressões, principalmente na arte, que não deixam de refletir a expansão da minha condição de ser e de meu estar no mundo.
Mas a minha formação não se restringiu às salas de aulas, as leituras indicadas pelos professores, ao curso propriamente dito, pois além disso participei do movimento estudantil, disputando eleição do Diretório Central dos Estudantes (DCE), se não me engano, no mesmo ano que ingressei na universidade e fiz parte da direção do Centro Acadêmico do curso de filosofia.
Participei do movimento sindical me integrando à direção do sindicato dos trabalhadores e trabalhadoras dos Correios, um ano após ter me ingressado na empresa através de concurso público em 1997, a qual me servi como carteiro, gerente na área operacional e assessor do gabinete.
Escrevi quatro livros de poemas e um de crônicas. Lancei o álbum musical Bota Fé, com várias parcerias e mais um livro sobre este trabalho, disponível na internet gratuitamente. Realizamos seis seminários em Cotaxé, tendo como questão principal, a luta dos camponeses, posseiros e posseiras, nas décadas de 50 e 60 do século passado, neste distrito e seu entorno. Organizei o livro Palavras do Cotaxé, lançado no VI seminário, 2021, realizado através de edital aprovado pela Secult-ES, quando foi criado também o nosso Ponto de Memória.
Tudo isso explica o meu retorno à minha terra, de onde na verdade nunca saí totalmente, que me proporcionou vivência comunitária, consciência política e de classe, vendo meus familiares, juntamente com outras pessoas participarem da organização e fortalecimento do sindicato dos trabalhadores rurais e do Partido dos Trabalhadores (PT) em meados dos anos 80 em nosso município, o que me permitiu chegar em Vitória e me envolver com as questões políticas em vários campos imediatamente e de maneira muito natural, por todos os lugares por onde passei.
Escolher justamente Cotaxé para morar tem o intuito de levar adiante este nosso trabalho, que se iniciou até um pouco antes do I seminário que ocorreu em 2013, nas tantas incursões que fizemos antes, com vários amigos e amigas, já pensando em alguma coisa neste sentido sempre buscando fortalecer à comunidade e a memória daqueles e daquelas que lutaram para defenderem os seus territórios e os seus modos de vida assentados na solidariedade, produção diversificada e organização popular e esta é a parte desta história que prefiro engrandecer, a que diz respeito aos vencidos, mas que ainda assim jamais se entregam, ou se rendem, no que diz respeito ao caráter e a honra.
De maneira preferencial, nesta coluna, pretendo escrever sobre questões de nosso município, passando pelas mais diversas áreas, mas principalmente, cultura, meio ambiente, esporte e turismo, inclusive procurando explorar as relações que estas áreas tem uma com as outras, dentro de uma visão sistêmica e estrutural, sem esquecer, porém, de personagens de nossa cidade, ou ligadas a ela, de alguma maneira.
Mín. 20° Máx. 33°